Amigo de fé, irmão e camarada! Adeus,
Paulinho Fonteles...
A mãe que vai enterrar o filho que teve dentro de uma cela da ditadura militar
Hecilda Fonteles Veiga, perdeu hoje o
filho que teve dentro de uma cela imunda da ditadura militar.
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Falecido
na madrugada desta quinta-feira (26), vítima de um infarto, após uma
complicação causada por uma broncopneumonia, Paulo Fontelles Filho,
mais conhecido como Paulinho Fontelles, nasceu na prisão, durante a
Ditadura Militar.
Sua
mãe, Hecilda Fonteles Veiga, era estudante de Ciências Sociais quando
foi presa, em 1971, em Brasília, com cinco meses de gravidez. Hoje, vive em
Belém (PA), onde é professora do curso de Ciências Sociais da Universidade
Federal do Pará (UFPA).
Num
depoimento reproduzido na 36ª audiência pública da Comissão da Verdade de São
Paulo, a mãe de Paulo contou:
Quando
fui presa, minha barriga de cinco meses de gravidez já estava bem visível. Fui
levada à delegacia da Polícia Federal, onde, diante da minha recusa em dar
informações a respeito de meu marido, Paulo Fontelles, comecei a ouvir, sob
socos e pontapés: ‘Filho dessa raça não deve nascer”.
Depois,
fui levada ao Pelotão de Investigação Criminal (PIC), onde houve ameaças de
tortura no pau de arara e choques. Dias depois, soube que Paulo também estava
lá. Sofremos a tortura dos 'refletores'.
Eles
nos mantinham acordados a noite inteira com uma luz forte no rosto. Fomos
levados para o Batalhão de Polícia do Exército do Rio de Janeiro, onde, além de
me colocarem na cadeira do dragão, bateram em meu rosto, pescoço, pernas, e fui
submetida à 'tortura cientifica', numa sala profusamente iluminada.
A
pessoa que interrogava ficava num lugar mais alto, parecido com um púlpito. Da
cadeira em que sentávamos saíam uns fios, que subiam pelas pernas e eram
amarrados nos seios. As sensações que aquilo provocava eram indescritíveis:
calor, frio, asfixia.
De
lá, fui levada para o Hospital do Exército e, depois, de volta à Brasília, onde
fui colocada numa cela cheia de baratas. Eu estava muito fraca e não conseguia
ficar nem em pé nem sentada.
Como
não tinha colchão, deitei-me no chão. As baratas, de todos os tamanhos,
começaram a me roer. Eu só pude tirar o sutiã e tapar a boca e os ouvidos. Aí,
levaram-me ao hospital da Guarnição em Brasília, onde fiquei até o nascimento
do Paulo.
Nesse
dia, para apressar as coisas, o médico, irritadíssimo, induziu o parto e fez o
corte sem anestesia. Foi uma experiência muito difícil, mas fiquei firme e não
chorei. Depois disso, ficavam dizendo que eu era fria, sem emoção, sem
sentimentos. Todos queriam ver quem era a fera' que estava ali.
Assista o vídeo com a entrevista com a professora, militante, mãe e esposa Hecilda Fonteles Veiga.
Assista o vídeo com a entrevista com a professora, militante, mãe e esposa Hecilda Fonteles Veiga.
Por: Luiz Gonzaga
3 comentários:
A perda de mais um ativista político como Paulo Fontenele essa semana nos faz refletir sobre a atual situação do nosso país é da pouca importância que grande parte de nossa sociedade da aos problemas sociais que estamos passando. Procurar e encontrar guerreiro como Paulo Fontenele, será cada vez mais difícil daqui para frente em nossa república.
Parabéns pela excelente matéria! E eu concordo com o professor Maradona,pois o assunto nos leva a refletir sobre a real situação do nosso pais.
comovente a história dessa mãe.!
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